"Nascido a 5 de março de 1887, no Rio de Janeiro, Heitor Villa-Lobos teve por pais pessoas oriundas de distinta classe social.
Muito cedo o próprio pai, Raul Villa-Lobos, inicia-o nos estudos de solfejo e teoria musical, bem como na prática do clarinete e do violoncelo.
Com a morte de Raul Villa-Lobos, aos 36 anos de idade, vitimado pela varíola, a situação econômica de sua numerosa família entra em fase crítica, aliviada quando o Senado Federal adquire, para sua biblioteca, parte dos livros raros de propriedade de Raul Villa-Lobos, ex-funcionário do Senado.
Outras referências à difícil fase vivida pela família Villa-Lobos são poucas. Sabe-se que, ao terminar seu curso de humanidades, e por pressão materna Heitor Villa-Lobos matriculou-se na Escola de Medicina e cursou ó primeiro ano. No ano de 1903 em diante começam a aparecer referências às atuações de Villa-Lobos como intérprete em clubes e teatrinhos particulares e, posteriormente, integrando-se em pequenas orquestras que animavam sessões de cinema mudo.
Os biógrafos de Villa-Lobos narram que, com o dinheiro obtido pela venda de livros raros, herdados do pai, Villa-Lobos percorreu vários Estados brasileiros, em íntima convivência com a música do povo. Sempre com a finalidade de assimilar as manifestações do folclore, percorre as regiões do Sul e Centro Oeste, fechando a rota com uma permanência na Região Norte. Foi um período de vital importância para sua obra, porquanto vivenciou o mundo tropical da Amazônia, o que o levou a fixar-se no indigenismo.
De volta ao Rio de Janeiro, em 1912, conhece a pianista Lucilia Guimarães, que se tornou sua esposa, em 1913. Nessa época Villa-Lobos encontra-se em intensa atividade criadora, abordando os mais variados gêneros.
Em 1917 conhece o músico de vanguarda francês Darius Milhaud, que, dois anos após, Ihe proporcionaria, embora de forma indireta, o seu fundamental encontro com o famoso pianista Arthur Rubinstein.
Villa-Lobos começa a se impor no cenário cultural brasileiro. Em 1922 tem destacada participação na Semana de Arte Moderna em São Paulo, cujo sucesso permitiu-lhe viajar para a Europa em 1923. Sua permanência foi de apenas um São Paulo onde, através de sociedades artísticas, deu concertos e obteve o amparo oficial para o projeto da Caravana Artística que, em trem, percorreu inúmeras cidades paulistas.
Viaja para Paris em companhia de Lucilia. Dessa vez obtém o sucesso desejado, ao apresentar-se em 24 de outubro e 5 de dezembro de 1927, na Sala Gaveau. Daí em diante é reconhecido e consagrado. Em 1930 volta ao Brasil, apesar de já famoso em toda a Europa, com obras apresentadas por grandes regentes.
Inicia-se, então, sua fase de preocupação com o desenvolvimento do país. Em São Paulo obtém apoio governamental para a realização de caravanas musicais pelo interior do Estado. Mais tarde, no Rio de Janeiro, promove gigantescas concentrações orfeônicas em estádios de esporte. Escolhe o canto coral como meio de formar musicalmente a juventude brasileira. Para isso, compõe o Guia Prático (1932), antologia folclórica que também publica em versão para piano.
Desde o retorno da Europa, a genialidade de Villa-Lobos foi-se incorporando ao patrimônio artístico-cultural do Brasil. Suas composições empolgam as platéias européias e americanas. A suíte Prole do Bebê (1918-1926), para piano, levou o nome de Villa-Lobos a figurar nos programas dos grandes pianistas, entre eles Arthur Rubinstein. São também obras-primas as Cirandas (1926). Com as Bachianas Brasileiras, cuja origem remonta às suas peregrinações pelo interior do país, quando constatou a semelhança de modulações e contracantos do nosso folclore com a música de Bach, Villa-Lobos caracterizou-se como um dos maiores músicos do nosso tempo. Em todo o mundo as Bachianas são as mais conhecidas de suas obras.
Reconhecido como gênio musical, recebeu toda a sorte de homenagens, privou com reis e chefes de Estado, conheceu a glória em vida e em glória faleceu em 17 de novembro de 1959, no Rio de Janeiro."
Museu Villa-Lobos FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA
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